Leite de cabra - Sistemas de produção

Fonte: Revista Mais Leite

Os sistemas de produção se assemelham aos observados para produção de leite de vacas, com animais criados em sistema extensivo, semi-intensivo e intensivo, com diferentes níveis de adoção de tecnologia. Desta forma, a finalidade da criação varia da produção para subsistência até criatórios comerciais bem organizados com grandes estruturas de produção, dedicando-se, inclusive, ao beneficiamento e comercialização de produtos.

Segundo estimativas da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), foram produzidas 143,8 mil toneladas de leite de cabra no Brasil em 2009. Grande parte da produção é destinada para atender a demanda por leite fluído e queijos, sendo comercializada diretamente pelo produtor ou através de associações e laticínios.

De acordo com o Censo Agropecuário de 2006 do IBGE, a Paraíba é o Estado onde mais se produz leite de cabra, seguido pela Bahia, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo e Ceará. Juntos, estes Estados são responsáveis por 80% da produção nacional.

Ao analisar os resultados do Censo Agropecuário, percebe-se um cenário de intensificação da atividade de caprinocultura leiteira no Brasil. Entre os anos de 1996 e 2006 foi registrada redução no número de estabelecimentos destinados à atividade e aumento de 118% na produtividade dos estabelecimentos remanescentes.

De modo geral, na região semi-árida do Nordeste, a comercialização de leite de cabra tem pouca importância para a renda dos agricultores. As cabras são criadas no sistema extensivo (soltas na caatinga e com pouca adoção de tecnologias), resultando em baixa produção e paralisação na época seca.

O sistema extensivo é caracterizado pela criação dos animais em grandes áreas (geralmente pastos nativos) sem receber suplementação alimentar e sem controle sobre a reprodução. Normalmente são animais rústicos, menos produtivos e de menor exigência nutricional. As práticas de manejo consistem em recolher os animais no final do dia, permanecendo cercados/abrigados durante a noite. Nesta ocasião os cabritos são apartados das mães para garantir a ordenha da manhã seguinte, quando os animais são soltos no pasto. Apesar de simples e com menor custo, apresenta baixos índices de produtividade.

A produção comercial de leite de cabra está concentrada em pequenas áreas próximas às regiões metropolitanas e centros urbanos nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil, predominando sistemas intensivos ou semi-intensivos de criação.

Assim como no sistema extensivo, no sistema semi-intensivo os animais permanecem no pasto durante o dia, sendo recolhidos no final da tarde, porém, ao retornarem ao abrigo, os animais recebem suplementação com ração concentrada. Em alguns casos, durante a época de escassez de pastagem, recebem alimento volumoso no cocho, sendo comum o uso de capineiras. Associado a este cuidado com a nutrição, são adotadas algumas outras ferramentas que resultam em melhores índices produtivos, como o uso de raças com aptidão leiteira ou animais mestiços, manejo sanitário, manejo reprodutivo e criação dos cabritos separados das mães, recebendo aleitamento artificial.

No sistema intensivo o objetivo é a maior produtividade por animal ou maior produção por área, por isso é o sistema mais caro e complexo, exigindo uma atenção maior do criador. É mais utilizado em regiões próximas a grandes centros consumidores, onde as terras são mais valorizadas. São criados animais de raças especializadas para produção de leite, e a produção é intensificada tanto pelo confinamento dos animais como pelo melhor aproveitamento da pastagem, investindo no cultivo e adubação do pasto e divisão em piquetes para manejo rotacionado. Muitos produtores optam por duas ordenhas diárias. Além disso, o controle reprodutivo é rigoroso, com uso de estação de monta, instalações adequadas e correto manejo sanitário dos animais.

A opção por um determinado sistema produtivo deve ser feita de acordo com os objetivos da criação, considerando alguns fatores para seu sucesso, como a análise do mercado e oportunidades de negócio, recursos financeiros disponíveis, viabilidade econômica, área destinada à atividade, qualificação e disponibilidade da mão de obra, entre outros. Além disso, é de fundamental importância que o produtor conheça as características particulares da espécie caprina. (Leia o artigo sobre particularidades da espécie e oportunidades de negócio)

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Texto extraído de:

Ludmila Couto Gomes & Rodrigo de Souza. Particularidades do processo de produção de caprinos leiteiros - Parte 1. Revista Mais Leite, v.20, p.32-37, 2012.

Ludmila Couto Gomes & Rodrigo de Souza. Particularidades do processo de produção de caprinos leiteiros - Parte 3. Revista Mais Leite, v.23, p.42-47, 2012.