Eis que me deparo com esta imagem circulando pelas redes sociais, justificando a violência doméstica como forma de produzir bons cidadãos.
Minha opinião sobre isso?
- NÃO CONCORDO!
Não estou me referindo àquela palmadinha de advertência para a criança não colocar o dedo na tomada, estou falando sobre a temida SURRA.
A violência assegura a formação de bons cidadãos? Entre em uma cadeia e pergunte aos presos se eles nunca apanharam dos pais.
Peres Day e colaboradores, 2003. Violência doméstica e suas diferentes manifestações:
Peres Day e colaboradores, 2003. Violência doméstica e suas diferentes manifestações:
"Sabe-se que, na população carcerária, há uma grande porcentagem de indivíduos com história de violência na infância e que estes tendem a apresentar mais problemas psiquiátricos, tais como transtorno de estresse pós-traumático, depressão maior, transtornos de personalidade múltipla, transtornos de personalidade borderline, abuso de substância e comportamento anti-social."
Reichenheim e colaboradores, 1999. Conseqüências da violência familiar na saúde da criança e do adolescente: contribuições para a elaboração de propostas de ação:
"Independentemente da forma de apresentação da violência, quer física, psicológica, sexual ou por negligência, um expressivo número de autores aponta que as principais conseqüências dos maus-tratos na infância ocorrem no desenvolvimento infantil nas esferas física, social, comportamental, emocional e cognitiva."
Eu levei muita surra quando quando criança, assim como meus pais levaram muita surra dos meus avós. A educação com base no medo pode até parecer eficaz a curto prazo, mas as consequências negativas se perpetuam por vidas e vidas.
Se você apanhou dos pais quando criança e hoje é um "bom cidadão", eu entendo que seja "natural" você assumir este tipo de prática como positiva. No entanto, quando cito o caso dos presidiários, busco ampliar o ponto de vista do leitor de forma provocativa, além de lançar luz sobre as consequências negativas que podem estar associadas.
RESUMINDO: O que estou dizendo é que sou contra o argumento de que uma pessoa é "boa" ou "má" cidadã pelo simples fato de ter apanhado ou não quando criança. Isso é uma visão muito reduzida das coisas.
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